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Categoria: exposicoes

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Lygia Clark – Bolsa de Arte

A exposição marca o centenário da artista (1920-1988) com uma exposição de obras de diferentes fases, incluindo a fase neoconcreta (1958-1961). Às 5as feiras, 6as feiras e sábados dá-se a apresentação do monólogo “Lygia”, assinada por Maria Clara Mattos e encenada por Carolyna Aguiar, sob direção de Mattos e Bel Kutner, composta de trechos extraídos de seus escritos, especialmente o diário. São trechos em que expõe sua proposta estética, suas intenções, bem como momentos importantes de sua vida pessoal, suas paixões e desencantamentos. A reunião desses textos se mostra perfeitamente integrados e integradores de sua mente e obra.

A cenografia foi assinada pelo Estúdio Mameluca e privilegia um espaço cúbico com o qual a artista interage, fazendo-o mudar de forma. O auditório assume a forma de uma arena também quadrada por onde objetos se distribuem e são manipulados por Carolyna Aguiar durante o monólogo.

A arte para ser vivida com Lygia Clark - NeoFeedLygia" (OM. Art) | Acervo | Lygia Clark

 A exposição apresenta (no saguão da galeria) 40 anos de trabalho que se iniciam em 1940, quando a mineira começa sua pintura. Passa depois à madeira na qual figura e fundo se embaralham. À linha que sulcava na madeira chamou de “linha orgânica”, em razão de não ter nem começo nem fim, nem interior, nem exterior.

Críticos e pesquisadores dividem a obra de Lygia Clark em três períodos que Eduardo Augusto de Almeida assim define:

A primeira fase se refere à sua atuação junto aos neoconcretistas cariocas no nício dos anos 1950, que se estende até a operação de quebra da moldura das pinturas. A segunda fase teria início com a criação dos Bichos e com a convocação do público à participação na obra, que atinge o ponto mais alto durante as aulas oferecidas pela artista na Faculdade de Artes da Sorbonne, em Paris. A terceira e última fase seria a que nos interessa em particular: quando, de volta em definitivo ao Brasil, Lygia Clark reelabora seus trabalhos mais recentes com os Objetos Relacionais e os “sistematiza num método terapêutico”, como ela própria escreveu (Almeida, Eduardo Augusto Alves de. Estruturação do self de Lygia Clark: uma terapia poética na ditadura militar brasileira. Acessível em http://www.cbha.art.br/coloquios/2016/anais/pdfs/4_edurado de almeida.pdf).

Foi a partir daí (1970) que Lygia desenvolve um trabalho para doentes mentais que teve início em uma de suas estadas em Paris. Aos poucos se distancia do campo tradicional da arte, seus textos tornam-se mais subjetivos e começa a priorizar o gesto e não o objeto. Ela escreve sobre isso: Ando numa fase de grande criatividade, escrevendo frases em que o corpo fala a si próprio através de suas partes. É o costurar do corpo, fase em que me encontro na psicanálise. Com as sessões de uma hora, duas a três vezes por semana, a artista/terapeuta acreditava poder religar as fraturas provocadas pela psicose. Seu método de tratamento é até hoje utilizado no Complexo Hospitalar Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro e recebe o título de Estruturação do self no Espaço Aberto ao Tempo. Jardes Macalé foi um dos pacientes da artista, em 1968.

Seguindo a proposta de Lygia Clark, homenageada com a exposição e o monólogo, Carolyna Aguiar termina o espetáculo chamando uma pessoa do público para se submeter à estruturação do Self em um canto do cenário onde foi armada uma cama como a usada nessa técnica. Assim o público pode ver e ouvir tudo que Lygia Clark propôs e experimentou fazer e criar.

• Exposição Lygia Clark – Bolsa de Arte
• De 7 de abril a 28 de maio
  
• Galeria Bolsa de Arte – Rua Rio Preto, 63, São Paulo
  

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