Resumo

Bispo do Rosário: eu vim: aparição, impregnação e impacto

A exposição com  trabalhos  de internos do sistema manicomial e de doentes que puderam interromper o tratamento. Além da questão do tratamento não agressivo e invasivo proporcionado pela arte, a exposição mostrou artistas que foram, na primeira metade do século XX, influenciados pelas composições feitas pelos internos, estabelecendo-se um diálogo entre a arte dos movimentos estéticos modernistas e a arte dos doentes mentais. Discutia-se, nessa época, em muitos movimentos artísticos, a ideia de que a loucura era uma reação justa e compreensível para aquela época que penava com as guerras mundiais e os genocídios.

Categoria: saude-mental

  • Pesquisador: Cristina Costa
  • Data: 05/18/2022
  • Palavras chave: Antimanicomial, Bispo do Rosário
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Arthur Bispo do Rosário

Bispo do Rosário: eu vim: aparição, impregnação e impacto

A exposição ocupou três andares do prédio – o térreo e outros dois com muitos trabalhos expostos, de internos do sistema manicomial e de doentes que puderam interromper o tratamento. Além da questão do tratamento não agressivo e invasivo proporcionado pela arte, a exposição mostrou artistas que foram, na primeira metade do século XX, influenciados pelas composições feitas pelos internos, estabelecendo-se um diálogo entre a arte dos movimentos estéticos modernistas e a arte dos doentes mentais. Discutia-se, nessa época, em muitos movimentos artísticos, a ideia de que a loucura era uma reação justa e compreensível para aquela época que penava com as guerras mundiais e os genocídios. A teoria freudiana do inconsciente, como sendo o móvel da ação e do comportamento dos seres humanos, ajudava a manter essa proposta – é da livre expressão das pulsões que se chega ao que é o ser humano e de como este vê a realidade. Não é a repressão dos instintos que faz nascer a verdade. Dessa forma, sejam os artistas modernos, como os expressionistas, sejam os doentes mentais, aquilo que produzem traduz de forma mais efetiva e consistente a forma como refletem a realidade que os cerca.  

Para ilustrar esse diálogo sobre arte e loucura, a exposição apresenta os seguintes artistas que prroduzziram no século XX: Abraham Palatnik, Regina Silveira, Aurora Cursino, Flávio de Carvalho, Djanira, Geraldo de Barros, Maria Leontina, Edgar Koetz, Antônio Bragança, Carlos Pertuis, Ivan Serpa, Mônica Nador, Maria Aparecia Dias e Ubirajara Ferreira Braga.

Dentre os contemporâneos, foram apresentados Carmela Gross, Leonilson, Sônia Gomes, Jaime Lauriano, Fernanda Magalhães, Paulo Nazareth, Rosna Paulino, Rick Rodrigues, Rosana Palazyan e Maxuell Alexandre.

É nesse diálogo que se destaca a obra de Arthur Bispo do Rosário.

 Nascido em Sergipe, Arthur Bispo do Rosario se mudou para o Rio de Janeiro aos 14 anos. Na cidade, foi empregado pela Marinha brasileira – as referências ao trabalho no mar estão presentes na sua obra – e pela companhia de eletricidade Light, além de atuar como boxeador. Em dezembro de 1938, após ter se apresentado no Mosteiro de São Bento como juiz dos vivos e dos mortos, foi diagnosticado como esquizofrênico-paranoico. Primeiro, foi levado ao Hospital dos Alienados; depois, à Colônia Juliano Moreira, instituição em Jacarepaguá voltada para os loucos e outros excluídos. Entre 1940 e 1960, alternou períodos de internação e de moradia em outros lugares. Em 1964, voltou para a colônia em definitivo.

Nessas décadas posteriores ao seu episódio místico, Bispo construiu sua obra. Na colônia, desfazendo uniformes dos funcionários, além de lençóis, conseguia os fios para tecer as suas invenções. Por meio do escambo com outros internos, juntava diversos itens. Tanto recuperava memórias suas quanto representava acontecimentos da época, colhidos nos jornais, em seu trabalho. Na década de 1980, essa atuação – em meio a debates da luta antimanicomial e de questões da arte de então – passou a impactar o pensamento social e artístico brasileiro. Nesse contexto, suas criações surgiram com uma potência nova.

A exposição não tem catálogo mas os paredes estão cheias de referências ao que é apresentado e à luta antimanicomial encabeçada por Osório Cesar, em São Paulo, e Nise da Silveira, no Rio de Janeiro. Além disso, na plataforma YouTube, há inúmeros vídeos sobre a matéria.

Na exposição, fotografias e vídeos eram exibidos em pequenos espaços que lembravam uma cela de hospital psiquiátrico. Também os corredores formados pelas paredes contendo obras pareciam induzir à ideia de confinamento, criando uma sensação de enclausuramento a que as obras muito coloridas e lúdicas pareciam se opor. Parece que a curadoria quis mostrar que elas eram resultado de uma pulsão interior e não da pobreza da vida manicomial. Ao contrário, procuravam superá-la, caracterizando-se por ludicidade, imaginação, desprendimento e abundância de cores e formas.

  • Exposição Bispo do Rosário: eu vim: aparição, impregnação e impacto
  • Itaú Cultural – de 18 de maio (Dia Nacional da Luta Antimanicomial)
  • Parceria: Museu Bispo do Rosário
  • Curadoria: Diana Kolker e Ricardo Resende.

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